quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

VaRIaÇÃo

(Márcio Cardoso)
Às vezes me sinto qual despedida
hiato entre o sim e o talvez
Às vezes me sinto feito saudade
um cheiro de vida e adeus
Às vezes me sinto nublado e frio
ora completo, ora vazio
Sou dias de flores, de sóis, de amores
às vezes somente um nó

Às vezes sou festa, sou dança e canção
ora se cala o meu coração
Mas todas às vezes sem variação
eu sou querido de Deus
Às vezes sou pedra, coluna e rio
ora incerteza, vexame, arrepio
Mas todas às vezes de graça e paixão
eu sou amado de Deus

Eu sou querido de Deus
Eu sou filho de Deus

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

PERDER UM AMIGO


Por Naeno. Teresina-PI, 30/08/2007

Perder um amigo, é perder um abrigo
Sair pelas noites, caindo nos bares.
É como sumir de uma hora pra outra
O seu crucifixo, a fé de rezar.
É sentir-se mal onde não há ninguém
Nenhum que te veja, e te faça sentar.
E prender o sangue, para estancar chorar.
É enterrar os dedos bem dentro dos olhos
E chorar aos molhos até se molhar.

Perder um amigo é perder um arrimo
Que em tudo era ele que te sustentava
É ir às campinas e ver que feneceu
O rozeiral que vistes há pouco, inteiro.
É subir a ponte e ouvir do precipício
Um chamado no ouvido, sentir calafrio.
É passar as noites do jeito noturno
É abrir os retratos e lhe ver em tudo,
Ou parte da vida que não faz sentido
Antes do teu choro, choro pelo amigo.

Perder um amigo é a gota mais lenta
Quando se pensava que ainda tinha dentro.
É olhar-se nos outros, a referência perdida,
É como esquecer-se da roupa, da vida
E entregar-se posto, diante de todo mal.
No dia mais claro
A hora imprevista para alguém chegar.
Perder um amigo é perder coragem
E virar, covarde, as costas pro mar,
É ouvir virem ondas piratas do céu.
Perder um amigo é caminhar ao léu
É doer a cabeça, e não ter um remédio
De não mais ter fim, nunca melhorar.
É a necessidade de um psicanalista
Perder um amigo é passar em revista,
À frente dos túmulos, diante da saudade,
Perder um amigo é ir antes da idade.

Perder um amigo é perder o horário,
É querer no íntimo, nunca mais acordar.
Perder um amigo é a dor mais sentida,
É contar por dia umas mil recaídas.
É perder a gota de sangue, derradeira,
Perder um amigo é baixar num hospital.

Li esse poema no momento em que soube em que o Yuri já se foi e só o verei do outro lado da eternidade; que o Evaldo passaria por uma cirurgia no coração e que outros amigos estariam mais distante em 2011.
E que 2011 venha realmente com melhores surpresas para tod@s nós!

Wendel Cavalcante

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Vale quanto pesa


É incrível como algumas pessoas criam uma escala para mensurar os erros dos outros.

E minha imaginação ganha asas e casa dois episódios narrados nos Evangelhos: o de Pedro (Jo 18. 17-22), por ter negado a Cristo por três vezes, antes do amanhecer; e o de Judas (Mt 26. 14-25), que vendeu a informação por trinta moedas de prata.

O que pesa mais? Três ou Trinta?

Por mais absurdo que pareça, aqui três tem o mesmo peso de trinta!

Talvez, numa primeira leitura da narrativa  os números não saltem imediatamente diante dos nossos olhos. Pedro nega Jesus por três vezes. Antes é perguntado, por três vezes, se amava o Mestre.

Mas o que torna Pedro e Judas diferentes, uma vez que o peso de três negações é igual ao peso de trinta moedas?

Gostei, certa vez, da explicação de um amigo que disse: "a diferença entre Pedro e Judas reside no fato de Pedro não ter desistido da vida"!

Nosso desafio é olhar para além de nós mesmos sem a tentação de querer bater o martelo do juiz, uma vez que quem podia ter agido com inclemência, chamou Judas de amigo e esperou Pedro na beira da praia com pão e peixe assando na brasa.
 

Abração e beijo no coração!

Wendel Cavalcante

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Divisa em versos

- O meu nome é Lombroso, torado no grosso.
Eu sou que nem cascavé, quando num aleja, mata.
Tenho a maldade da onça
Tenho a maldade que arrasa.
Minha baba é peçonhenta
E arde mais do que a brasa.
Tu tá vendo essa cacunda?
Carrego nas minhas costa 132 morte.
Vá me dizendo seu nome
Pr'onde vai, donde vem
E... se já viu nesse mundo
Um cabra mais "fei".
- O meu nome é Ojuara
Eu vim de longe e vou em frente
E o senhor não é mais fei
Do que certo tipo de gente
Fei é a herança do home
A herança de Caim
Praga de mão fedida
Tentação do coisa ruim
Fei é aquela sombra escura
Que vai levando consigo o covarde
Que traiu a confiança do amigo
A beleza e a feiúra estão junta em toda parte
Há beleza inté na morte
Há feiúra inté na arte
Olhe seu rosto no espei
E não perca a esperança
Que foi Deus quem lhe fez
Sua imagem e semelhança.

(Extraído do Filme "O Homem que desafiou o Diabo")

Abração,

Wendel Cavalcante