Por Naeno. Teresina-PI, 30/08/2007
Perder um amigo, é perder um abrigo
Sair pelas noites, caindo nos bares.
É como sumir de uma hora pra outra
O seu crucifixo, a fé de rezar.
É sentir-se mal onde não há ninguém
Nenhum que te veja, e te faça sentar.
E prender o sangue, para estancar chorar.
É enterrar os dedos bem dentro dos olhos
E chorar aos molhos até se molhar.
Perder um amigo é perder um arrimo
Que em tudo era ele que te sustentava
É ir às campinas e ver que feneceu
O rozeiral que vistes há pouco, inteiro.
É subir a ponte e ouvir do precipício
Um chamado no ouvido, sentir calafrio.
É passar as noites do jeito noturno
É abrir os retratos e lhe ver em tudo,
Ou parte da vida que não faz sentido
Antes do teu choro, choro pelo amigo.
Perder um amigo é a gota mais lenta
Quando se pensava que ainda tinha dentro.
É olhar-se nos outros, a referência perdida,
É como esquecer-se da roupa, da vida
E entregar-se posto, diante de todo mal.
No dia mais claro
A hora imprevista para alguém chegar.
Perder um amigo é perder coragem
E virar, covarde, as costas pro mar,
É ouvir virem ondas piratas do céu.
Perder um amigo é caminhar ao léu
É doer a cabeça, e não ter um remédio
De não mais ter fim, nunca melhorar.
É a necessidade de um psicanalista
Perder um amigo é passar em revista,
À frente dos túmulos, diante da saudade,
Perder um amigo é ir antes da idade.
Perder um amigo é perder o horário,
É querer no íntimo, nunca mais acordar.
Perder um amigo é a dor mais sentida,
É contar por dia umas mil recaídas.
É perder a gota de sangue, derradeira,
Perder um amigo é baixar num hospital.
Li esse poema no momento em que soube em que o Yuri já se foi e só o verei do outro lado da eternidade; que o Evaldo passaria por uma cirurgia no coração e que outros amigos estariam mais distante em 2011.
E que 2011 venha realmente com melhores surpresas para tod@s nós!
Wendel Cavalcante