segunda-feira, 4 de abril de 2011

Resenha do Livro Direto ao Ponto


Direto ao Ponto: Ensaios sobre Deus e a Vida. Ricardo Gondim, São Paulo, Doxa Produções, 2009, 148 p., esgotado.

Ricardo Gondim Rodrigues é teólogo brasileiro, pastor da Igreja Betesda em São Paulo, presidente do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos – ICEC/SP e conferencista. Também é articulista da Revista Ultimato e mantém o site www.ricardogondim.com.br. É autor premiado e escreveu, dentre outros livros, É Proibido: o que a Bíblia Permite e a Igreja Proíbe (1998); Artesãos de uma Nova História (2001); Eu Creio, Mas Tenho Dúvidas (2007); Sem perder a alma (2008); Missão Integral: em busca de uma identidade evangélica (2009); Deus imerso no sofrimento humano (2010); Pensando fora da caixa (2010).

Ao iniciar o livro com um convite ao debate, não à polêmica, o autor objetiva instigar os leitores à pesquisa, sem pretender dar respostas a todas as questões abordadas nem sistematizar a verdade. A proposta é a de repensar a espiritualidade evangélica e a vida cristã buscando as conexões com a vida real.

No decorrer dos 19 capítulos, temas como a onipotência de Deus, espiritualidade, concepção do conceito de história, milagres, tragédias, fé, dúvida, culpa, pecado, salvação, liberdade, Bíblia, Graça, e que resignificados, formam uma moldura do que o autor chama de “vocação de tornar-se mais humano”, ele inicia uma reflexão a respeito da igreja mercantilizada, que promete “muito mais do que cumpre”, que promete “o bilhete para a vida eterna”, não se preocupando como ensinar as pessoas a viverem o aqui e o agora, numa dimensão existencial, sem desconsiderar o céu.

Expõe, ainda, que viver é uma aventura sem garantias e cita algumas personagens bíblicas que não arredondaram a vida, que não se anteciparam aos acidentes do futuro e nem se blindaram contra as maldades humanas. E neste processo a fé é compreendida como uma coragem existencial, que aposta nos valores do Evangelho e que nos convida a confiar no propósito eterno de Deus (ter filhos e filhas parecidos com Jesus de Nazaré) e no Seu amor gratuito, universal e unilateralmente derramado sobre todas as pessoas, mesmo que falte a fé.

No mundo religioso que explora a culpa das pessoas ao afirmar que todos estão “degredados porque são inerentemente maus, promíscuos e ímpios” e que precisamos ser salvos de nós mesmos, o autor segue na contramão desse pensamento ao dizer que passou a ver “responsabilidade” como a “iniciativa e a capacidade de responder às demandas éticas da vida”, não por “culpa ou medo, mas por reverência à vida, ao próximo e a ele mesmo, acreditando que a auto-implosão da vida não é legítima, uma vez que ela é morada de Deus.

Por acreditar que Deus é um ser livre, que somos dotados de liberdade, uma vez que somos imagem e semelhança dEle e que o “esvaziamento de Deus em Cristo acaba com o paradoxo da onipotência versus liberdade humana”, o autor aponta para um fio de esperança: “ Deus não está nas perguntas sobre sofrimento, mas nas respostas”. Afirma, ainda, que a Bíblia, em sua trama, mostra que a humanidade usou perniciosamente essa liberdade, mas que Ele nunca desistiu da Sua criação e que chama Seus filhos e filhas para se arrependam de suas más escolhas e os convoca a se tornarem artesãos e artesãs de uma nova história, construída a quatro mãos, sendo nós Seus cooperadores e cooperadoras. Neste mundo sedento de esperança, a Bíblia pode tornar-se um “manual de vida, desde que volte a ser o livro de cabeceira que alimenta a vida devocional e o alicerce dos princípios que nortearão as decisões do dia-a-dia”. Ele afirma, ainda, que “santidade se confunde com integridade” e que “salvação, vida eterna foi conquistada na cruz”.

Ao ansiar por uma igreja sem ufanismos, com crentes vivendo de forma singela, com relacionamentos verdadeiros e que anunciem e construam o Reino de Deus, o autor constrói propostas a fim de mantê-las como um horizonte utópico e vocação, onde a espiritualidade seja capaz de gerar homens e mulheres gentis, leais e misericordiosos, capazes de descartarem “qualquer lógica que não se conecte com a vida”, de reciclarem suas expectativas “de viver sem percalços” e de acolherem “o desafio de peregrinar, só peregrinar”.

José Wendel Cavalcante Ferreira
Igreja Betesda no Joaquim Távora
Fortaleza – Ceará.

3 comentários:

Bem Casada disse...

Amigoooooo....saudades!!!

Qualquer Coisa disse...

Cara ficou muito bom..me deu uma luz de como fazer a minha...Valeu

Karllo disse...

Olá, amigo, gostei muito de seu texto, dá vontade ler o livro! :)
Mas só uma sugestão: faça resenhas críticas e não apenas expositivas: particularmente acho mais interessante quando o resenhista se posiciona diante do texto sem tentar ser imparcial...

Abraço!