terça-feira, 2 de setembro de 2008

Entre feras...

Estas últimas semanas tenho convivido com o "sanguíneo" que existe em mim!
É... sanguíneo, sim!
Não que eu queira matar literalmente quem está me aborrecendo, mas de me fazer fera e assim revidar, com uma dose dobrada de palavras capazes de atingir cada ponto fraco, cada defeito, cada falha, os aborrecimentos que algumas pessoas próximas de mim têm me causado.
Aí lembro sempre de um cara que conheci em Sobral e que vivia recitando o Augusto dos Anjos:

"(...)
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera".

Também, num abrir e piscar de olhos, lembro-me do Allison cantando:

"Mais que pregar, quero viver
Mais que sentir, eu quero ser
De alguma forma conhecido lá no céu
Ainda que aqui não seja assim
Muitos se ergam contra mim
Meu desafio é ser íntimo de Deus."

E é justamente nesses instantes que ocorre um poderoso embate entre os "Eus" em mim, que, se somados, são maiores do que eu mesmo! Travam fogo no espaço da Galáxia da Mente e do Coração. Provocam uma tempestade sem tamanho e nem hora para acabar no imenso oceano que sou, em mares nunca dantes navegados!
E quando menos espero, acontece um verdadeiro milagre: ecoa dentro mim Aquela Voz dizendo: "Cala-te, vento. Aquieta-te, mar".
Aí digo para mim mesmo ouvir: "que besteira eu ia fazendo"!
Para quem não sabe, o Augusto dos Anjos materializou seu pessimismo aspirando à morte e à anulação do seu eu numa fase da Literatura Brasileira conhecida como Simbolismo.
Os conflitos irão continuar existindo. Não tenho como fugir deles.
Aprendi ao longo da estrada que existem "maneiras" e "maneiras" de se dizerem as coisas!
Os Provérbios de Salomão me ajudaram nesse exercício:
12:18 – “Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura”.
12:19 – “Os lábios que dizem a verdade permanecem para sempre, mas a língua mentirosa dura apenas um instante”.
13:13 – “Quem guarda a sua boca guarda a sua vida, mas quem fala demais acaba se arruinando”.
15:4 – “O falar amável é árvore da vida, mas o falar enganoso esmaga o espírito”.
15:26 – “O Senhor detesta os pensamentos maus, mas se agrada de palavras ditas sem maldade”.
16:32 – Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade”.
17:14 – “Começar uma discussão é como abrir brecha num dique; por isso resolva a questão antes que surja a contenda”.
17:19 – “Quem ama a discussão ama o pecado; quem constrói portas altas (se orgulha) está procurando a sua ruína”.
18:19 – “Um irmão ofendido é mais inacessível do que uma cidade fortificada, e as discussões são como as portas trancadas de uma cidadela”.
18:21 – “A língua tem poder sobre a vida e a morte; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto”.
20:23 – “Quem é cuidadoso no que fala evita muito sofrimento”.

E assim, vou afugentado a fera dentro de mim, consciente de que também tenho meus pontos fracos, defeitos e falhas! E que causo aborrecimentos também.
Seria este um primeiro passo para domesticar a fera?
Que Deus nos ajude!
Abração a tod@s!

Um comentário:

João Bosco De Oliveira disse...

Tem outra coisa que pode ajudar:
http://insensatotal.blogspot.com/2008/09/entropia-emocional.html
(Escrito por nosso amigo Rafael Guizardi).
P.S.: De Augusto dos Anjos, gosto mais daquela
"Vês?! Ninguém foi ao enterro de tua última quimera/somente a ingratidão, essa pantera/ foi tua companheira inseparável (...) O homem que entre feras vive, sente inevitável necessidade de também ser fera"
Abraços, meu amigo. Juizo!