sábado, 4 de janeiro de 2014

Um sentido na loucura


Para Maria da Graça
por PAULO MENDES CAMPOS
DO LIVRO O AMOR ACABA

Quando ela chegou à idade avançada de 15 anos eu lhe dei de presente o livro Alice no País das Maravilhas.

Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti. Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucuras. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade. A realidade, Maria, é louca.

Nem o papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: "Fala a verdade, Dinah, já comeste um morcego"?

Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?" Essa indagação perplexa é o lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.

A sozinhez (esquece esta palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!" O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. "A porta do poço!". Só as criaturas humanas, nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados, conseguem abrir uma porta bem fechada e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.

Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e tens a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências.

Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece geralmente às pessoas que comem bolo.

Maria, há uma sabedoria social ou de bolos; nem toda sabedoria tem de ser séria ou profunda.

A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon!" Pois viver é falar de acordo em casa de enforcado. Por isso te digo para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostaria de gatos se fosse eu?"

Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os corredores chegam exausto a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! Mas quem ganhou?" É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não conseguirá saber quem venceu. Para o bolso: se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupes com a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre onde quiseres, ganhaste.

Disse o ratinho: "Minha história é longa e triste!" Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance." Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois um romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!" Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.

Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo". Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.

E escuta está parábola perfeita: Alice tinha diminuindo tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida toda uma quantidade imensa de camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem-disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nosso domínio disfarçado de camundongo. Mas como tomar o pequeno por grande e o grande por queno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor. Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa médica para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixa preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de sofrimento ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.

Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas".

Conclusão: a própria dor tem a sua medida. É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.

sábado, 12 de outubro de 2013

Quem não foi criança, um dia?


Quem não foi criança, um dia?
Gengis Khan, Sun Tsu, Napoleão, Alexandre.
Luther King, Sidarta Gautama, Mahatma Gandi, e até Teresa - a Madre.
Leonardo da Vinci, Pablo Neruda, Salvador Dali,
Não importa a sua idade, ela - a criança - está bem aí!
Feliz dia das Crianças!!! \o/
Wendel Cavalcante

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O LIVRO DAS CRÔNICAS DE DINÁ (1. 1-4).


O LIVRO DAS CRÔNICAS DE DINÁ (1. 1-4).
¹Diná era da idade de 31 anos quando deu a luz a Camilla. O chão árido da vida não impediu que mãe e filha seguissem em marcha. ²E a menina de cabelos fartos de cachos cresceu em simpatia, com gosto pela leitura, encontrando amigos e amigas e virou mulher. ³Camilla conheceu Caio, um músico na sua cidade. E viveu Camila 25 anos e deu a luz ao seu primogênito João. 4 E Diná, agora mãe duas vezes, sorriu para vida e viu-se eterna em João.
Wendel Cavalcante

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

QUANTO VALE UMA VIDA?

 
Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

A morte do garoto boliviano Kevin Espada, de 14 anos, no jogo do Corinthians contra o San José, mandante da partida de Oruro, na última quarta-feira (20/02), tem gerado polêmica entre os que fazem a imprensa desportiva, uma vez que a Conmebol determinou que o Timão não jogaria mais com sua torcida fiel, do bando de loucos, dentro e fora de casa.

No entanto, por todo Brasil, outros "Kevins Espadas" são assassinados todos os dias, aumentando as estatísticas do extermínio da população jovem, devido o perigo associado à violência urbana; as gangues rivais; disputas territoriais pelo comando do tráfico de drogas; a falta de politicas públicas de juventude efetivas, eficientes e eficazes, capazes de estabelecer um diálogo profícuo com a comunidade, dentre outras causas.

Ontem mesmo, 24/02 (dom), ônibus eram apedrejados por pessoas de várias idades ao passarem pela Praça da Cruz Grande, na Serrinha, pelo simples fato de transportar passageiros torcedores do Fortaleza.

Talvez, Sílvio Brito não tenha sido tão chato o quanto cantou Raul Seixas. Uma vida pela bagatela de todas as partidas restantes na Libertadores foi uma pechincha. 

O episódio, de fato, já manchou de tinta sangue a história do clube. Queria ver brotar dessa desgraça um movimento pró-cultura de paz não só nos estádios de futebol, que estão se transmutando em arenas, mas também pelas cidades.

A Fiel não pode devolver a vida do menino Kelvin, porém tem nas mão a oportunidade de quando contar esse episódio dizer que, apesar de lamentar e sentir a dor dos irmãos bolivianos, passará a ser conhecida como a torcida que anuncia e vive em paz! Gaviões fiéis que promovem e cuidam da vida!!!

Abraços,

Wendel Cavalcante
 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ENCONTRO


Nesta minha caminhada até aqui, tive o privilégio e a honra de conhecer e conversar com grandes homens e mulheres que levam a ciência a sério e que escolheram este chão, o Brasil, para fazer ciência. Boa parte deles, assim como eu, acreditam que a ciência também é uma linguagem que nos aproxima de D'us, mas que não é a redentora da humanidade. Outra parte, agnóstica, objetiva o bem comum de todos. Outros, ainda, ateus, têm minha admiração por serem simples e terem um profundo respeito pela vida.

Tenho refletido nesses dias que a tolerância e o respeito às expressões de fé deva se dá a partir do encontro consigo mesmo e com o outro, assim como é o encontro do dia e da noite, que resulta no crepúsculo; dos rios Negro e Solimões, que originam o Amazonas; do feijão e do arroz, que resulta no nosso baião de dois.

Por uma pedagogia do encontro!!!

Abração!

Wendel Cavalcante

domingo, 16 de dezembro de 2012

As curvas da estrada


"Se acaso numa curva
Eu me lembro do meu mundo,
Eu piso mais fundo.
Corrijo num segundo.
Não posso parar"!

#ESTRADASOU
[Roberto Carlos]

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O homem e o tempo




O homem vil notou que o tempo viu
o espaço que, antes era largo,
passou a ser estreito.
O tempo vil notou que o homem viu
seu horizonte observável
entrar em colapso.

O homem viu que o tempo vil
era inclemente na sua travessia
rumo a outra margem.
O tempo viu que o homem vil
não desistia de ir em frente,
a pesar das pedras no caminho.

O tempo vil notou que o homem viu
um travesseiro em cada pedra
e o tropeço era motivo para sonhar.
O homem viu que o tempo vil,
que não tem cor nem cheiro,
no espaço, em expansão, é forasteiro.

O homem vil viu que o tempo não é vil,
que uns lhe chamam deus,
outros, ainda, riqueza.
O tempo viu que o homem era insistente
E que a bondade e a misericórdia
também se fizeram estrada.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

As visões se clareando...



"Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei...

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei"

segunda-feira, 5 de março de 2012

Salve o Tubarão da Barra



Lembro-me, de quando ainda adolescente, da grande mobilização feita na mídia para salvar o mico leão dourado. O slogan era: “salve o mico leão dourado”. O interessante é observar os desdobramentos dessa campanha: para a espécie não ser extinta o seu habitat também teria que ser protegido. Hoje, o mico leão dourado e parte da  Mata Atlântica (antes floresta, que foi dizimada no período do extrativismo vegetal colonial) resistiram a expansão imobiliária e fundiária.

Mas o que isso tem haver com o futebol cearense?

Ultimamente tenho ouvido, nas mais diversas rodas de conversas, que o Ferroviário, de torcedores ilustres e de torcedores anônimos, vai se acabar. Não bastasse o fato dos formadores de opinião só mostrarem os problemas, reforçam tal tese com a argumentação de que o Ferroviário passa pelo processo de “maguarização”.

Ora, senhoras e senhores leitores, temos aqui um caso semelhante ao do mico leão dourado. O que muda é o ecossistema.

Não pensem os dirigentes e torcedores dos outros Clubes, principalmente os do Ceará e Fortaleza, que a queda do Ferroviário para a segunda divisão do campeonato cearense não afetará o equilíbrio de forças dentro dos campeonatos vindouros.

Os mais pragmáticos e céticos dirão que esta abordagem não merece crédito e não tem a menor fundamentação. Quero lembrar que o mico leão dourado foi salvo da extinção; o Maguary deu lugar a concretude de postes, geradores, transformadores e cabos de alta tensão na subestação de uma companhia de energia elétrica.

Conclamo os torcedores dos outros clubes para darem as mãos e começarem uma onda pró futebol cearense, ao vestirem a camisa da campanha “Salve o Tubarão da Barra”. Os desdobramentos disso? Ah! Quem sabe não reside aí a tão sonhada paz nos estádios e a competição; ou rivalidade; ou ainda, disputa sadia entre as torcidas?

Wendel Cavalcante

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Tempo Não Pára


"Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora
Cheia de mágoas
Eu sou um cara...
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada
Ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara...
Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda
Estão rolando os dados
Pois o tempo
O tempo não pára..."

Fera Ferida



"Eu sei!
Que flores existiram
Mas que não resistiram
A vendavais constantes
Eu sei!
Que as cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci...
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou Fera Ferida
No corpo, na alma
E no coração..."

Último Desejo


domingo, 16 de outubro de 2011

Quem me levará sou eu

Amigos a gente encontra
O mundo não é só aqui
Repare naquela estrada
Que distância nos levará
As coisas que eu tenho aqui
Na certa terei por lá
Segredos de um caminhão
Fronteiras por desvendar
Não diga que eu me perdi
Não mande me procurar
Cidades que eu nunca vi
São casas de braços a me agasalhar
Passar como passam os dias
Se o calendário acabar
Eu faço contar o tempo outra vez, sim
Tudo outra vez a passar
Não diga que eu fiquei sozinho
Não mande alguém me acompanhar
Repare, a multidão precisa
De alguém mais alto a lhe guiar
Quem me levará sou eu
Quem regressará sou eu
Não diga que eu não levo a guia
De quem souber me amar
[Dominguinhos / Manduca] 

Abração!
Wendel Cavalcante

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Parabéns, Papai!

Parabéns para meu pai!
Hoje ele completou 65 voltas ao redor do astro rei!
Vida longa, meu velho!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O lobo e o cão

Encontraram-se na estrada
Um cão e um lobo. E este disse:
“Que sorte amaldiçoada!
Feliz seria, se um dia
Como te vejo me visse.
Andas gordo e bem tratado,
Vendes saúde e alegria:
Ando triste e arrepiado,
Sem ter onde cair morto!
Gozas de todo o conforto,
E estás cada vez mais moço;
E eu, para matar a fome,
Nem acho às vezes um osso!
Esta vida me consome...
Dize-me tu, companheiro:
Onde achas tanto dinheiro?”
Disse-lhe o cão:

“Lobo amigo!

Serás feliz, se quiseres
Deixar tudo e vir comigo;
Vives assim porque queres...
Terás comida à vontade,
Terás afeto e carinho,
Mimos e felicidade,
Na boa casa em que vivo!”
Foram-se os dois. em caminho,
Disse o lobo, interessado:
“Que é isto? Por que motivo
Tens o pescoço esfolado”
— “É que, às vezes, amarrado
Me deixam durante o dia...”
“Amarrado? Adeus amigo!
(Disse o lobo) Não te sigo!
Muito bem me parecia
Que era demais a riqueza...
Adeus! inveja não sinto:
Quero viver como vivo!
Deixa-me, com a pobreza!
— Antes livre, mas faminto,
Do que gordo, mas cativo!”

[Fábulas de La Fontaine], por Olavo Bilac.

Abração!

Wendel Cavalcante

domingo, 19 de junho de 2011

O sonho das almas que são sempre livres


"Nesta fantasia eu vejo um mundo justo
Ali todos vivem em paz e em honestidade
O sonho das almas que são sempre livres
Como as nuvens que voam
Cheias de humanidade dentro da alma"
[Composição : Chiara Ferrau / Ennio Moricone ]

domingo, 12 de junho de 2011

#AciênciaMEaproximaDeD'us

4 53M3LH4NÇ4 D05 470M05, 45 L1NGU4G3N5 N3C355174M D3 4F1N1D4D3, C0N7470, 3N3RG14, 37C. 
3 4551M, C0M0 NUM4 L1G4Ç40 I0N1C4, 4 C0MUN1C4Ç40 3 C4MP0 D3 D04Ç40 3 R3C3PÇ40 D3 P4L4VR45 3N7R3 45 L1NGU4G3N5. 
P0R74N70, M35M0 53M 1N73RF3R3NC14, UM4 M3NS4G3M NUNC4 53R4 4 M3SM4 D0 M0M3N70 D4 3M15540.
48R4Ç40
W3ND3L C4V4LC4N73