segunda-feira, 23 de agosto de 2010

E se eu quiser falar com Deus



Texto para um tempo de fundamentalismos, de sectarismos, de intolerâncias, de condenações...
(Por Luiz Eduardo Prates da Silva)

Engana-se quem pensa que Deus está guardado nas sólidas paredes das doutrinas eclesiásticas. Ele espia nas frestas dos dogmas e seu olhar ilumina a vida....
Engana-se quem pensa que Deus está nas certezas inabaláveis capazes de ter sempre uma resposta pronta. Ele está na dúvida que provoca o pensar e desperta o agir mesmo incerto...
Engana-se quem pensa que Deus está nas convicções que provocam a intolerância. Ele está no respeito ao diferente e no compungir do coração que impele ao gesto de amor...
Engana-se quem pensa que Deus é uma peça da burocracia de qualquer culto e está bitolado pela compreensão das autoridades. Ele se ri do lado de fora das reuniões solenes e brinca com as crianças que não puderam entrar para não atrapalhar a cerimônia...
Engana-se quem pensa que Deus está nos mais corretos preceitos da moral e condena qualquer que deles se desviar. Ele está no acolhimento de todos e no amor apesar de...
Engana-se quem pensa que Deus compactua com os que pagam para serem reconhecidos como religiosos e no coração tem uma pedra. Ele está nos que não têm nada para dar e esperam por Ele como última tábua de salvação...
Engana-se quem pensa que Deus participa dos conselhos dos notáveis, que decretam a morte calculada com cifras tidas por estéreis. Ele está nos famintos de pão e de sentido e é encontrado nos lugares menos esperados...
Ele não está no monólito frio, mas na onda incessante que sempre chega...
Ele não está no furacão insensível, mas na brisa que refresca...
Ele não está na secura do deserto, mas no cacto que o resiste à aridez...
Ele não está na barragem que desvia o rio, mas no fluir alegre da água...
Ele não está no abismo que interrompe a marcha, mas na ponte que convida à outra margem...
Ele não está na escuridão que infunde medo, mas na claridade que prenuncia mais uma aurora...
Ele não está no espinho que fere, mas na flor que alimenta o pássaro de néctar e os olhos de beleza...
Ele não está na repreensão que destrói, mas na palavra amiga que orienta...
Ele não está na cara amarrada que condena, mas no sorriso afável que acolhe...
Ele não está na pose arrogante que separa, mas na simplicidade que aproxima...
Ele não está na ironia sarcástica que rejeita, mas na compreensão solidária que dialoga...
Ele não está no desprezo que anula, mas no incentivo que sustenta...
Ele não está no orgulho que desdenha, mas na humildade que cativa...
Ele não está na correção que faz colocar-se ‘no seu lugar’, mas na advertência respeitosa que constrói parceria...
Em fim, Ele não está no Todo Poderoso inatingível, mas no homem Jesus, o Cristo ressuscitado!
E no entanto, Ele pode ser doutrina e monólito e repreensão ou estar em tudo o de que se disse que Ele não está, ou ser tudo o que se disse que não é, porém sem ferir ou magoar ninguém...
A Ele, pois, cabe o Poder a Honra e a Glória, para todo o sempre! E a nós, segui-lo...

http://www.cristianismocriativo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=223&Itemid=70

Abração,

Wendel Cavalcante

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Cristais quebrados

Como são belos os cristais!
Multiformes, de vários materiais, de muitas cores e tons!
Tangíveis e intangíveis!!!
Eu e você temos alguns deles: nossa cosmovisão, maneira de fazer as coisas, nossas relações e por aí vai...
Alguns são quebrados sem que nos peçam licença.
Outros, por descuido nosso, escapam-nos das mãos e se despedaçam no chão.
Cristais quebrados...
E o que fazer com os cacos?
Varrê-los para debaixo do tapete? Nunca!
Tentar colar os cacos? Seria um desperdícil de tempo!
Levá-los para o vidreiro? Uma alternativa para um novo cristal.
Cristais quebrados...
Não colam nunca mais...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Alerta!



O alerta da minha fortaleza está no nível 3. 
Isto significa que a qualquer hora a ponte levadiça pode ser erguida. Sinto muito, meus amigos! 

Wendel Cavalcante

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Los justos

Un hombre que cultiva un jardín, como quería Voltaire. El que agradece que en la tierra haya música. El que descubre con placer una etimología. Dos empleados que en un café del Sur juegan un silencioso ajedrez. El ceramista que premedita un color y una forma. Un tipógrafo que compone bien esta página, que tal vez no le agrada. Una mujer y un hombre que leen los tercetos finales de cierto canto. El que acaricia a un animal dormido. El que justifica o quiere justificar un mal que le han hecho. El que agradece que en la tierra haya Stevenson. El que prefiere que los otros tengan razón. Esas personas, que se ignoran, están salvando el mundo.

(Jorge Luis Borges, poeta argentino).