quarta-feira, 27 de agosto de 2008

"Cada um é Doutor na sua profissão".

Uma das primeiras lições de vida de que me lembro, aprendi na tradição oral da comunidade onde meus pais moravam, onde nasci e cresci: o Alto da Paz. A frase que dá nome a este texto estava anotada numa nota de aula da disciplina Sociologia do Trabalho do curso de Administração de Empresas, que tratava das relações de produção no capitalismo. O tópico trazia as afirmativas:
O trabalho é protoforma da práxis social e é caracteristica fundante do ser. Trocando em miúdos, é como o Gonzaguinha colocou em sua poesia:

"Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz".

Pois bem...
Todos os adultos da minha vizinhança contavam a história do "Seu Chico Pititoso", um marceneiro de mão cheia.
Certo dia, ele foi contratado para fazer um trabalho nas redondezas de montar e assentar umas portas e janelas. E todos dizem que o Seu Chico trabalhou duro durante todo aquele dia. Ao final do dia, o dono da casa chegou para verificar se o serviço fora concluído e se estava do seu agrado.
- Muito bom, Seu Chico! Quanto foi seu trabalho?
- Foi tanto, Doutor. Respondeu Seu Chico dizendo o preço, o qual esqueci.
- Que é isso, Seu Chico! Eu sou Doutor e não ganho isso num dia! Replicou o dono da casa achando o preço muito caro e querendo barganhar.
Foi aí que Seu Chico juntou suas ferramentas na sua mala e disse:
- Doutor, cada um é doutor na sua profissão!
Deu as costas e foi para sua casa.
Atordoado com aquela atitude o Doutor foi até a casa do seu Chico pedir-lhe que aceitasse o pagamento.
Que coisa, não!
O Seu Chico não está mais ente nós, mas deixou esse legado na sua comunidade.
Lembro sempre dessa história quando passo pela experiência de não ter o meu trabalho valorizado.
E a você, leitor, leitora, fica o desafio de reconhecer e valorizar o trabalho de quem está a sua volta.
Abração a Tod@s!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Dia do Professor

15 de agosto: dia do Professor. A seguir, um dos meus poemas preferidos, quando das minhas aulas de introdução aos estudos históricos. Lembro-me de que eu o trabalhava com minhas turmas do ensino fundamental, médio e superior. O desafio era juntar imaginação, senso crítico e reflexão nas diversas linguagens das crianças, jovens e adultos. Geralmente, perguntava:"Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?" Aí, como muitos ficam voando, até porque nunca tinham visto, sequer por foto, as Muralhas da China, eu refazia a pergunta: Para onde foram os pedreiros na noite em que os "shoppings centers" e os edifícios da Beira-Mar ficaram prontos?" O resultado era gratificante, a pesar do salário! heheheheh!!!

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ (Bertold Brecht)

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída
Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas Da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para os seus habitantes?
Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia. Sozinho?
César bateu os gauleses. Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem venceu além dele?
Cada pagina uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?
Tantas histórias.
Tantas questões.

Aqui fica meu abraço para os meu colegas de profissão. Aqueles que aceitaram o desafio de serem eternos aprendizes!

domingo, 10 de agosto de 2008

Por isso vem

Já falei pra vocês da Fraternidade Teológica Lationo-Americana há alguns meses atrás. Na consulta de maio de 2008, teve um momento que foi muito significativo pra mim. Não sei se vocês já dançaram ciranda. Garanto que é terapêutico!!

MOMENTO NOVO (Ernesto B. Cardoso)

Deus chama a gente pr’ um momento novo

de caminhar junto com seu povo.

É hora de transformar o que não dá mais;

sozinho, isolado ninguém é capaz.

Por isso vem!

Entra na roda com a gente,

também, você é muito importante.

Vem!

Não é possível crer que tudo é fácil.

Há muita força que produz a morte,

gerando dor, tristeza e desolação.

É necessário unir o cordão.

Por isso vem!

Entra na roda com a gente,

também, você é muito importante.

Vem!

A força que hoje faz brotar a vida

atua em nós pela sua graça.

É Deus quem nos convida p’ra trabalhar,

o amor repartir e as forças juntar.

Por isso vem!

Entra na roda com a gente,

também, você é muito importante.

Vem!

Abração a Tod@s!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Dois Brilhantes





"A mulher tem na face dois brilhantes

Condutores fiéis do seu destino

Quem não ama o sorriso feminino

Desconhece a poesia de Cervantes

A bravura dos grandes navegantes

Enfrentando a procela em seu furor

Se não fosse a mulher mimosa flor

A história seria mentirosa

Mulher nova, bonita e carinhosa

Faz o homem gemer sem sentir dor".


("Mulher Nova, Bonita e Carinhosa" - Zé Ramalho)

Fotos: http://pracadarepublica.weblog.com.pt/2006/06/olhares.html



Poesias e aulas de história à parte... me pergunto:

Será que eu estou sentindo o feitiço atrativo do amor?

Esta semana olhei para dentro de dois brilhantes e...

Vi que Cervantes tinha razão!

Agora é ter a bravura dos grandes navegantes!

Desejem-me sorte.