segunda-feira, 28 de abril de 2008

A Fortaleza de Chicuta

Essa é nossa primeira parada. Escolhi levar vocês até Picos, no Piauí, por ter sido uma viagem marcante: mais um ciclo na minha vida se fechava. Era a hora de decidir matar mais uma vaca sagrada na minha caminhada. Explico... Tinha que decidir continuar seguir a correnteza, ou seja, fazer um concurso público, como muitos dos meus colegas de faculdade optaram, ou empreender um sonho. Eu era estagiário de um Banco Público Federal e trabalhava no suporte à prestação de contas das execuções extrajudiciais. Havia a possibilidade de continuar trabalhando através de uma das empresas que prestavam serviço a esse Banco. Que situação! Não foram poucas as pessoas que me chamaram de doido e de irresponsável, embora utilizassem palavras mais amenas! Diziam não haver o que pensar. Minha geração sofre com a falta do pleno emprego e tem sentido na pele os efeitos da "laborização do trabalho".
Precisava de um refúgio onde pudesse ponderar "grama por grama", vantagens e desvantagens, e o que eu dizer lá em casa. Tinha que transmitir segurança e convicção já que envolvia um importante passo na estrada, embora meus pais não me pressionassem a nada.
Foi aí que resolvi aceitar o convite do meu amigo Francisco para conhecer sua terra natal e celebrar com os seus a chegada de 2008. Ele, a Vivi e eu fomos recebidos com um churrasco de bode, que tinha como entrada uns deliciosos bolinhos fritos, que eram uma das especialidades da casa.
Nesses dias que estive hospedado na cada dele, três coisas contribuíram com suas singularidades e me falaram profundamente com e sem palavras.
A primeira delas foi constatar que aquela casa tem uma vista privilegiada. Está no alto de um dos montes que cercam boa parte da cidade. Abaixo de nós os telhados e centenas de antenas parabólicas, abertas à recepção do sinal da "Boa Notícia", como se fossem muitas bacias, prontas a receberem "Água Viva".
A segunda foi sentir durante os dias uma brisa quente, que entrava pelas minhas narinas como um "novo sopro", o fôlego necessário para as próximas léguas da estrada, embora tivesse que escolher por uma das vias da bifurcação que estava diante de mim. Ao cair da tarde, na virada do dia, O Criador ouvia atentamente a criatura em suas ponderações. Já nas noites, a lua ia saindo timidamente por trás de um dos montes, como se me perguntasse: "e aí, já sabe por onde ir?". Tive assim a certeza de que estava no local certo, numa fortaleza, com uma boa visão da situação!
E a terceira foi ter conhecido um homem simples, porém visionário! Alguém que optou em investir na educação dos seus três filhos a ter sua casa mobiliada. Sem falar no seu sonho de deixar o emprego noturno e abrir seu próprio negócio. Estava diante de uma pessoa que tinha muito mais responsabilidades do que eu, mas que não hesitou diante de suas vacas sagradas. Estou falando de "Seu Chicuta", como é chamado carinhosamente pelos seus e por onde ele passa.
Regressei à Fortaleza ainda na atmosfera que envolve o dia primeiro de janeiro de todo ano, com muito otimismo, esperança e muitos planos. Mas também com a convicção de que me depararia, logo no dia 02 de janeiro, com a mais dura realidade, porém com uma diferença: iria levar a frente o sonho de construir o Instituto Sinergia Social, uma ONG que eu e mais quatro amigos fundamos em novembro de 2007, mas que ainda não havia sido registrada. Mas essa é uma outra história...
Não podia imaginar que, ao sair da Fortaleza dos "verdes mares bravios", iria encontrar a Fortaleza nas palavras cadenciadas e cheias de emoção de "Seu Chicuta", pai do meu amigo Francisco. Alguém que se emociona ao lembrar do dia em que recebeu o sinal da "Boa Notícia" e de como a "Água Viva" saciou-lhe a sede. Gente que não contém as lágrimas ao saber que está chegando a hora da partida de seus hóspedes. Prova viva de que "maior é aquele que serve"! Espero um dia voltar a sua modesta casa, "Seu Chicuta"! Aliás, mais do que uma modesta casa! Uma verdadeira Fortaleza!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Em construção...

Esta é uma das possibilidades de compartilhar algo da minha tríade indivisível.
Em breve, estarei publicando neste espaço o que vejo na estrada, que se chama vida!
Ah! De onde surgiu o nome?
Tenho a mania de escrever frases, pensamentos, músicas, orações... nas páginas da minha agenda. E nelas estavam alguns nomes para este blog. Até que eu fui para o chá de baby do Lucas, e o que parecia ser mais uma música, soou diferente aos meus ouvidos. O mundo que pulsa numa velocidade frenética versus o desafio de andar devagar, "como um velho boiadeiro levando a boida".
Quantas vezes li a história de um certo camarada, que saiu de Ur dos Caldeus, que andava conforme o passa do gado? Muitas vezes...
Quantas vezes não ouvi o Chico cantando que a roda viva carregou "a mais linda roseira",

"a viola ", "a saudade"...
Só não levou meu destino porque não tenho um.
E como disse o poeta...
"Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz".
Você está convidad@ a caminhar quantas léguas quiser comigo!

Estraaadaaa à viiiistaaaaaa!